O desafio do pasto na seca
O período da seca é um dos maiores desafios enfrentados por pecuaristas de todo o Brasil. A redução das chuvas e a queda de temperatura afetam diretamente o crescimento das pastagens, comprometendo a oferta e o valor nutricional do alimento disponível no campo. Mas afinal, pasto na seca é sempre igual? A resposta é não.
A diferença entre um pasto degradado e um pasto produtivo durante a seca está diretamente ligada ao planejamento e manejo adequado. Pecuaristas que se preparam com antecedência colhem melhores resultados, mesmo em épocas críticas. Já aqueles que são pegos de surpresa enfrentam queda na produtividade e prejuízos financeiros.
Adubação do solo: a base de tudo
Um solo bem nutrido e com equilíbrio de macro e micronutrientes favorece o crescimento das forrageiras e melhora sua resistência em períodos críticos. Durante a seca, o capim perde valor nutricional, principalmente proteína, afetando diretamente o ganho de peso dos animais. Por isso, manter a adubação do solo em dia é essencial para garantir uma pastagem mais resistente e nutritiva.
Controle da lotação do rebanho
Manter o rebanho acima da capacidade de suporte da pastagem em épocas secas resulta em sobrepastejo, degradação do solo e perda de peso dos animais. Muitos produtores optam por vender parte do rebanho antes da seca ou buscar alternativas como o arrendamento de pasto. Contudo, o custo com transporte e a disponibilidade dessas áreas também são fatores a considerar.
Suplementação alimentar: essencial na seca
Durante a seca, a pastagem sozinha não consegue fornecer todos os nutrientes que o gado precisa. O uso de suplemento proteico é uma alternativa viável e mais econômica que sistemas intensivos, como o semiconfinamento. Diferente do sal mineral, que apenas mantém o peso, o suplemento proteico promove ganhos reais de arrobas, mesmo na seca.
Rotação de piquetes: uso eficiente da pastagem
Dividir a pastagem em piquetes permite melhor controle da lotação e do consumo de capim. Com a rotação, o produtor oferece tempo de recuperação ao pasto, reduz o desgaste do solo e otimiza o uso do alimento. Essa estratégia é simples de implementar, mas exige planejamento e acompanhamento constantes, especialmente durante a seca.
Vedação de pastagens: reserva para a seca
A vedação de pastagens é uma prática recomendada para garantir alimento no pico da seca. Consiste em reservar de 30% a 40% da área total, permitindo o crescimento livre do capim por 60 a 90 dias. O uso de adubação nitrogenada no início da vedação acelera o crescimento do capim, reforçando a oferta de forragem quando mais necessário.
Alternativas alimentares: silagem, capineiras e ureia
Silagem, capineiras e feno são alternativas que aliviam a pressão sobre a pastagem e oferecem aporte nutricional complementar. A ureia pecuária também pode ser usada com cautela para elevar o teor de proteína da dieta. No entanto, seu uso exige orientação técnica para evitar intoxicações.
Investir apenas no sal mineral durante a seca pode parecer econômico, mas compromete o desempenho do rebanho. Estudos mostram que lotes suplementados com proteinado mantiveram ganho de peso, enquanto os que receberam apenas sal mineral apresentaram ganho nulo no mesmo período.
Pasto na seca exige planejamento
Com planejamento, manejo adequado e suplementação correta, é possível atravessar a seca mantendo o desempenho do rebanho e evitando perdas financeiras. Trate sua propriedade como uma empresa rural: avalie custos, analise alternativas e invista em práticas que garantam produtividade durante todo o ano.
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